O que é aneurisma cerebral?

Definição e tipos de aneurisma

Os aneurismas cerebrais são alterações que ocorrem em locais frágeis da parede dos vasos sanguíneos no cérebro, podendo romper e levar a sangramento intracraniano. Eles geralmente se formam nas artérias intracranianas e, em caso de ruptura, podem resultar em acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico.

Existem vários tipos de aneurismas, cada um com suas características:

  • Aneurisma sacular: dilatação em formato de “saco” que acontece na parede de uma artéria cerebral.
  • Aneurisma fusiforme: envolve uma dilatação que afeta toda a circunferência da artéria, sendo menos comum.
  • Aneurisma blister: surge após a dissecção da parede da artéria, onde apenas a camada mais externa permanece intacta, formando uma “bollha”. Sua fragilidade o torna propenso a ruptura rápida e grave.
  • Aneurisma traumático: decorrente de algum trauma na cabeça.
  • Aneurisma infeccioso ou micótico: causado por infecção bacteriana, viral ou por fungos na parede arterial.

Estatísticas e incidência

O aneurisma cerebral afeta de 10 a 15 pessoas a cada 100 mil habitantes por ano no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Devido ao seu desenvolvimento frequentemente assintomático, identificar um aneurisma pode ser desafiador. Os aneurismas são classificados em dois tipos: rompidos e não rompidos, sendo que entre 2% a 5% da população global possui aneurismas não rompidos.

Esta condição é mais comum em indivíduos de 35 a 60 anos, porém pode surgir em qualquer idade, inclusive crianças, com aumento na incidência após os 40 anos. Mulheres têm uma propensão maior ao desenvolvimento de aneurismas cerebrais em comparação aos homens.

A ruptura de um aneurisma cerebral é fatal em cerca de 50% dos casos, e dos sobreviventes, cerca de 66% apresentam sequelas neurológicas permanentes. Além disso, os aneurismas cerebrais rompidos são responsáveis por 3-5% de todos os casos novos de derrame.

Sintomas e sinais de alerta

Sintomas comuns

Normalmente, os aneurismas cerebrais não manifestam sintomas até o momento de sua ruptura, podendo permanecer assintomáticos em 1% a 5% da população. Costumam ser aneurismas de pequeno porte que não provocam sangramentos ao longo da vida.

A detecção precoce é crucial para uma intervenção eficaz. No caso de ruptura, o sintoma mais alarmante é uma dor de cabeça súbita e severa, descrita muitas vezes como a “pior dor de cabeça da vida”. Outros sinais podem surgir, incluindo:

  • Náusea e vômito.
  • Rigidez no pescoço.
  • Visão dupla ou borrada.
  • Fotofobia (sensibilidade à luz).
  • Perda de consciência.
  • Dificuldade de locomoção ou tontura.
  • Fraqueza súbita e alteração de sensibilidade.
  • Convulsões.
  • Ptose palpebral (queda da pálpebra).

Quando procurar um médico

Muitas pessoas vivem com aneurismas cerebrais sem saber, até que ocorra uma ruptura. Geralmente, os aneurismas são identificados acidentalmente durante exames de imagem solicitados por motivos distintos.

Se surgirem sintomas, houver histórico familiar de aneurisma ou outros fatores de risco, é recomendável consultar um especialista para avaliação. O médico solicitará exames específicos para determinar a localização, tamanho e o tipo do aneurisma, assim como sua relação com estruturas vizinhas no cérebro.

Diagnóstico e tratamento

Métodos de diagnóstico

O diagnóstico de um aneurisma cerebral é realizado por meio de técnicas de imagem avançadas, como angiografia por ressonância magnética (angio-RM) e angiografia por tomografia computadorizada (angio-TC), que fornecem imagens detalhadas das estruturas vasculares do cérebro.

No entanto, a angiografia cerebral é considerada o método “padrão-ouro” para o diagnóstico de aneurismas cerebrais. A realização desse exame é essencial após a identificação de um aneurisma para confirmar o diagnóstico, obter informações precisas sobre a morfologia e o tamanho do aneurisma, e planejar uma possível intervenção cirúrgica.

Opções de tratamento disponíveis

Existem dois métodos cirúrgicos principais para o tratamento de aneurismas cerebrais:

  • Tratamento endovascular: técnica minimamente invasiva que não exige a abertura do crânio. Realiza-se por meio da inserção de um cateter nos vasos sanguíneos, evitando a exposição direta do cérebro. Este método é preferido por seu caráter menos invasivo e recuperação mais rápida.
  • Tratamento convencional: consiste na abertura do crânio por meio de uma craniectomia para expor o cérebro, seguida pela clipagem do aneurisma, que visa selar o aneurisma diretamente.

Avanços tecnológicos e tratamentos inovadores

Desenvolvimentos recentes na área

Com os recentes avanços tecnológicos, a embolização endovascular representa a principal escolha para o tratamento de aneurismas cerebrais, tanto rompidos quanto não rompidos. Este método minimamente invasivo proporciona ao paciente uma recuperação mais rápida e apresenta menor risco de complicações em comparação ao tratamento convencional.

A embolização é eficaz em tratar aneurismas em diversas localizações das artérias intracranianas e em variados graus de complexidade de forma eficiente e definitiva.

Tratamentos inovadores e sua eficácia

Na embolização de aneurismas, realiza-se uma pequena incisão de 2 cm na virilha sob anestesia geral, introduzindo um sistema de cateteres até o cérebro para implantar dispositivos endovasculares, como espirais destacáveis (coils) e stents, que ocluem o aneurisma.

Este procedimento destaca-se por sua rapidez, alta taxa de cura, segurança e minimização do risco de complicações. A técnica não requer incisões cirúrgicas extensas, demandando apenas um pequeno corte na pele, o que facilita um retorno mais rápido às atividades diárias.

Prevenção e fatores de risco

Fatores de risco comuns

De acordo com a Associação Americana de AVC, os fatores de risco para aneurismas cerebrais são:

  • Hipertensão arterial não controlada.
  • Fumar cigarro.
  • Consumo excessivo de álcool.
  • Idade acima de 40 anos.
  • Trauma cerebral por acidente grave.
  • Infecção.
  • Diabetes.
  • Tumores cerebrais.
  • Uso de drogas ilícitas, como cocaína ou anfetaminas.
  • Aterosclerose, caracterizada pelo acúmulo de gordura, colesterol e outras substâncias nas paredes das artérias.
  • Condições genéticas, como a Síndrome de Marfan, doença renal policística autossômica dominante ou síndrome de Ehlers-Danlos.
  • Histórico familiar de aneurisma cerebral.

Dicas de prevenção

A prevenção de aneurismas cerebrais pode ser um desafio, contudo, adotar medidas para controlar fatores de risco, como hipertensão arterial e tabagismo, pode diminuir as chances de desenvolvimento e ruptura de aneurismas.

  • Controlar a pressão arterial é crucial, visto que a hipertensão eleva o risco de formação e ruptura de aneurismas.
  • Não fumar, uma vez que os componentes do cigarro enfraquecem as paredes dos vasos sanguíneos.
  • Reduzir o consumo de bebida alcoólica.
  • Se houver histórico familiar de aneurisma cerebral, é importante informar o médico e considerar exames de rastreamento.
  • Adotar um estilo de vida saudável, que inclua alimentação balanceada, atividade física regular e manejo do estresse, contribui para a redução dos fatores de risco.

Viver com aneurisma cerebral

Impacto no estilo de vida

Conviver com um aneurisma implica um risco constante de ruptura, o que pode resultar em hemorragia cerebral. Dependendo da localização e do risco associado ao paciente, o acompanhamento médico pode ser a opção escolhida.

Aneurismas no cérebro geralmente exigem intervenção cirúrgica para prevenir possíveis rupturas. Aqueles com menos de 5 mm são monitorados para acompanhar sua evolução; a cirurgia é recomendada quando o aneurisma ultrapassa 5 a 7 mm, levando em consideração a variação no risco de ruptura, que também depende do formato do aneurisma.

Apoio e recursos

Para aqueles diagnosticados com aneurisma, é crucial buscar orientação de um neurologista para avaliar o risco de novas dilatações, especialmente porque muitas vezes o aneurisma não apresenta sintomas evidentes. Além disso, é altamente recomendável adotar medidas preventivas, como manter a pressão arterial controlada, seguir uma dieta balanceada, praticar exercícios regularmente e não fumar. Essas ações são fundamentais não apenas para gerenciar a condição existente, mas também para minimizar os riscos associados a possíveis complicações.

Perguntas frequentes

O que é um aneurisma cerebral e como ele se forma?

Um aneurisma cerebral é uma deformidade que ocorre quando há um ponto frágil na parede de um vaso sanguíneo no cérebro, levando à formação de uma bolsa ou balão. A pessoa pode nascer com o problema ou adquiri-lo, a partir de fatores como hipertensão (não controlada), tabagismo ou traumatismo na cabeça.

Quais são os principais sintomas de um aneurisma cerebral?

Muitos aneurismas cerebrais não apresentam sintomas até que ocorra uma ruptura. Nesses casos, sintomas comuns incluem dor de cabeça intensa e súbita, náuseas, vômitos, rigidez no pescoço, visão dupla ou borrada, sensibilidade à luz, perda de consciência, dificuldade súbita para andar ou tontura, fraqueza, alteração de sensibilidade, convulsões e queda da pálpebra.

Como é o tratamento para aneurisma cerebral?

Existem duas abordagens principais para o tratamento de aneurismas cerebrais:

  • Tratamento endovascular: método minimamente invasivo que não requer abertura do crânio, utilizando um cateter para tratar o aneurisma.
  • Tratamento convencional: abertura do crânio (craniectomia) para expor o cérebro e aplicar uma clipagem do aneurisma.

Existem formas de prevenir o aneurisma cerebral?

Embora nem todos os aneurismas possam ser prevenidos, algumas medidas podem reduzir o risco de desenvolvimento e ruptura:

  • Controlar a pressão arterial.
  • Não fumar, já que a fumaça do cigarro enfraquece as paredes dos vasos sanguíneos.
  • Limitar o consumo de álcool.
  • Realizar exames de rastreamento se houver histórico familiar de aneurisma.
  • Manter um estilo de vida saudável, com dieta equilibrada e exercícios físicos regulares, além do gerenciamento do estresse.